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HOUVE UM FALSO SENSACIONALISMO, DIZ MORO SOBRE DIVULGAÇÃO DE CONVERSAS

Houve um "falso sensacionalismo" na divulgação das conversas com o procurador Deltan Dallagnol, afirmou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, em audiência nesta quarta-feira (19/6), na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, para explicar as supostas mensagens trocadas com membros da operação "lava jato" e publicadas pelo site The Intercept Brasil.

É normal e rotineiro no Judiciário conversas entre juízes e promotores ou advogados, afirma Moro
Lucas Pricken/STJ

"A divulgação das conversas é repleta de sensacionalismo e sem a devida contextualização. Repito, também, sempre, que não posso reconhecer a veracidade das mensagens que são atribuídas a mim", disse.

O ex-juiz afirmou que, desde 2017, não usa mais o aplicativo Telegram, de onde seriam as conversas vazadas. "Em princípio o conteúdo de meu celular não foi acessado, não há evidências disso. Chamamos a PF, que examinou meu aparelho. Entreguei meu aparelho à PF, é falso que não entreguei. Afinal, não tenho receio a respeito do que tem [nele]."

Em outro momento, o ministro disse que as "supostas" mensagens podem conter alguma verdade, mas outros trechos lhe causam estranheza. "Ainda que tenha alguma verdade, a mensagem pode ser total ou parcialmente adulterada para caracterizar situação de escândalo que é inexistente."

Sobre as mensagens que tratam de "inverter ordem de operações", afirma que questões de logística são tema de conversas normais entre juízes e procuradores, em especial em grandes operações. "Por isso, não há nenhuma irregularidade ali", defende.

Segundo Moro, é normal e rotineiro no Judiciário conversas entre juízes e promotores ou advogados. E cita o exemplo de uma conversa informal em que o procurador diz que pedirá a prisão de um suspeito e o juiz responde: "para isso, precisa de provas fortes".

"Encaminhar eventualmente mensagem, é porque existia dinâmica trabalhosa. Eventualmente pode ter havido troca de mensagem, mas nada que não seria normal em conversa presencial, em audiência informal entre juízes, promotores, defesa e delegado", aponta.

Sempre fui vítima
Moro se defendeu dizendo que "fui sempre, constantemente, vítima de ataques". "Pensei que saindo da magistratura e assumindo a posição de ministro esse revanchismo, esses ataques ao trabalho de juiz, enfrentando corrupção com aplicação imparcial da lei, cessariam, mas, pelo jeito aqui, me enganei."

Os ataques, argumenta, são uma tentativa de derrubar condenações ou impedir investigações ainda em curso que podem alcançar poderosos. Diz ainda que está em jogo uma conquista da sociedade no combate à corrupção.

“Dalaguinol”
Ao pronunciar o nome de Deltan Dallagnol, Moro fez questão de falar algo como "Dalaguinol", e não "Dalanhol", dando a impressão de que os dois são tão afastados que sequer pronunciar corretamente o nome do procurador o ministro sabe.

*Texto alterado às 10h36 do dia 19/6/2019 para acréscimos.