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EXPORTAÇÃO DE PEQUENAS QUALIFICA A ECONOMIA

Pesquisa revela que 75,5% das pequenas internacionalizadas têm consolidação no mercado. Por outro lado, falta de financiamento e de acordos comerciais reduzem potencial dinamizador

As micro e pequenas empresas (MPEs) brasileiras têm potencial para dinamizar a economia por meio da exportação, mas são prejudicadas pela falta de financiamento, de acordos comerciais e de serviços especializados.

Essa é uma das conclusões da pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que será divulgada hoje: "Desafios à competitividade das exportações - micro e pequenas empresas". Dos 540 negócios com até 49 funcionários - critério que define MPE para a CNI - entrevistados, 75,5% atuam como exportadores há mais de cinco anos e cerca de 60% exportam com regularidade. Já em 29,2% das pequenas, as operações no mercado internacional ocorrem às vezes, enquanto em 10,8%, raramente.

A sondagem mostra que 70,7% das MPEs atuam em até cinco países, enquanto 20% possuem mercado em seis a dez destinos. Outro dado revela que 19,1% obtêm de 80% a 100% da sua receita bruta anual via exportação.

O setor responsável pela maior parte da receita das vendas externas das MPEs é o de máquinas e equipamentos, seguido da agropecuária e alimentos. Os Estados Unidos são o principal destino das exportações, enquanto Argentina e Paraguai ocupam o segundo e o terceiro lugares, respectivamente, diz a CNI.

"O fato de nós termos o setor de máquinas e equipamentos como principal responsável pela receita das vendas externas das pequenas é muito importante, pois este segmento agrega valor à exportação e, consequentemente, à nossa economia", destaca o gerente executivo de comércio exterior da CNI, Diego Bonomo.

"Além disso, muitos estudos mostram que a empresa que exporta é mais inovadora e produtiva, além de pagar os melhores salários. Tendo em vista que as MPEs são maioria no Brasil, incentivar esse segmento significa trazer dinamismo à economia por meio de empregos mais qualificados e produtos com maior valor agregado", complementa.

As micro e pequenas empresas representam mais de 95% das cerca de 19 milhões companhias existentes no Brasil.

Bonomo conta que 6.600 empresas procuram, anualmente, os centros internacionais de negócios das federações de indústria distribuídas pelo País. Porém, apenas 2.800 dessas atuam no mercado externo. "Nosso desafio é converter as outras 3.800 em empresas exportadoras", declara.

Financiamento

Apesar do potencial, as micro e pequenas ainda enfrentam muitos obstáculos para conseguir entrar no mercado internacional. Dentre os entraves internos do País

mais apontados pelas 540 MPEs, a falta de disponibilidade de capital aparece em primeiro lugar.

Sobre isso, o representante da CNI comenta que o próprio setor público não preenche a lacuna de mercado deixada pelo segmento privado. Ele conta que o único fundo público voltado para crédito externo que está em funcionamento hoje - o Fundo de Garantia à Exportação (FGE) - exige garantias que as pequenas não têm como oferecer, bem como uma documentação excessiva.

"Há mercados na América Latina e na África, por exemplo, nos quais o risco político é grande. O setor privado não vai assumir esse risco. Já o setor público, que deveria assumir, não preenche esta lacuna de mercado", critica Bonomo.

O segundo maior entrave apontado pelas MPEs foi a ausência da internacionalização como estratégia. O representante da CNI comenta que essa situação se reflete nos poucos acordos de comércio firmados pelo País. "Se a gente soma todos os acordos comerciais que o Brasil tem, concluímos que eles dão acesso a apenas 8% do comércio global sem a barreira do Imposto de Importação. Já no Chile consegue se inserir em 80% do mercado global sem barreira tarifária", conta.

"Até o final deste ano, o Brasil pode fechar um acordo grande com o México. Se isso ocorrer, podemos elevar a nossa presença no comércio", diz.

Bonomo destaca ainda que outro gargalo está nos serviços especializados em comércio exterior. "As pequenas precisam adequar produto e processos, mas faltam consultorias para ajudá-las nesse processo", finaliza Bonomo.