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CUSTO DE TRANSPORTE E LEGISLAÇÃO COMPLEXA SÃO AS PRINCIPAIS BARREIRAS ÀS MICRO E PEQUENAS EXPORTADORAS

O custo dos transportes e as altas tarifas cobradas por portos e aeroportos são, ao lado do excesso e complexidade das leis, os principais problemas enfrentados por micro e pequenas empresas brasileiras que operam no comércio exterior. A constatação é da pesquisa Desafios à Competitividade das Exportações Brasileiras – Micro e Pequenas Empresas, elaborada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O estudo foi divulgado nesta quarta-feira (28) durante o seminário Pense nas Pequenas Primeiro, em Brasília.

“As dificuldades atrapalham o desempenho internacional de pequenos negócios, o que frustra o potencial exportador dessas empresas. Vale lembrar que elas representam 98% das empresas do país e que poderiam aproveitar melhor as oportunidades do mercado externo se enfrentassem menos barreiras para isso”, afirma o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.

O panorama das dificuldades resulta de entrevistas com mais de 540 empresas exportadoras com até 49 funcionários – critério utilizado para a definição de porte. Elas indicaram, por meio de notas de 1 a 5, o impacto dos entraves aos processos de exportação. Em primeiro lugar, aparece o custo com transporte, que recebeu nota média de 3,56, seguido pelas tarifas cobradas em terminais de despacho de cargas, com 3,42. De acordo com o estudo, o transporte marítimo (55,5%) e aéreo (26,8%) são os principais modais de frete utilizados por MPEs para despachar cargas ao exterior. Entre as entrevistadas, 75,5% atuam como exportadoras há mais de cinco anos.

Na sequência dos principais entraves, o excesso de leis, sua frequente alteração e a complexidade da legislação foram apontados como barreiras ao desempenho exportador de MPEs. Pequenas empresas são particularmente afetadas porque não costumam ter estrutura específica ou recursos para consultoria jurídica especializada. “O próprio empresário ou funcionário, que muitas vezes não é especializado, acaba tendo de lidar com isso sozinho. Isso reforça a importância de simplificar e desburocratizar os processos”, explica Abijaodi. Entre as entrevistadas, 36,7% apontaram a burocracia administrativa como o principal obstáculo para o acesso a mercados internacionais.

Financiamento

Além dos aspectos externos, a pesquisa buscou identificar quais dificuldades internas afetam o desempenho das empresas. O mais crítico é a falta e capital disponível para as exportações. Surpreendentes 70,7% delas não utilizam ou utilizam muito pouco os instrumentos de financiamento. Segundo as entrevistas, isso acontece, sobretudo, pela exigência de garantias para os financiamentos, motivo apontado por 27% das companhias entrevistadas. Menos de uma a cada 10 empresas fazem uso de instrumento de garantias, impactando na competitividade dos negócios. A falta de informação sobre linhas de crédito disponíveis e as barreiras de acesso em função do porte da empresa foram citadas por metade das entrevistadas.

Mercados

Os Estados Unidos são o principal destino das mercadorias vendidas por MPEs – 16,2% das entrevistadas têm compradores no país. Argentina e Paraguai aparecem na segunda e terceira posições. Na lista dos 10 principais destinos, a Ásia tem apenas a China de representante, que aparece em 5º lugar. Entretanto, o estudo revela o aumento do interesse de pequenos negócios pelo gigante mercado asiático, sobretudo Arábia Saudita, Índia e Emirados Árabes. Em relação à costura de acordos com blocos econômicos, a União Europeia desperta maior interesse dos empresários, tendo sido citada por 17,6%.