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EQUILÍBRIO FISCAL DEVE SER PRIORIDADE ZERO, AVALIAM EMPRESÁRIOS

O próximo presidente da República deve se preocupar, em primeiro lugar, com a reorganização das contas do governo, com redução do tamanho do Estado e busca por maior eficiência. A maioria dos empresários e executivos que participaram da premiação do Valor 1000 ontem, em São Paulo, apontou o ajuste fiscal e o tamanho do Estado como alvos da primeira medida de impacto do governo a ser eleito agora em outubro.

O combate ao desemprego e a adoção de reformas estruturantes, com ênfase na tributária e na da Previdência, também foram temas destacados pelos participantes. Vários deles também mencionaram a sensação de que a economia está reagindo neste terceiro trimestre.

Após a greve dos caminhoneiros de maio, que prejudicou o desempenho no segundo trimestre, a Suzano Papel e Celulose vê leve retomada dos negócios no trimestre. De acordo com o diretor financeiro e de relações com investidores da companhia, Marcelo Bacci, "as exportações vão bem, mas no mercado doméstico de papel o ano vai ser de crescimento bem modesto", disse.

O executivo afirmou que o presidente eleito deverá tomar, como medida prioritária, o equilíbrio fiscal, o que só será possível com a reforma da Previdência.

Para Fernando Musa, presidente da Braskem, o próximo presidente deve propor ao Congresso uma agenda de reformas estruturais para combater as deficiências que travam a competitividade da indústria nacional. Neste grupo, a prioridade é a reforma da Previdência, para equilibrar as contas do governo, e inclui ainda reforma tributária e medidas para melhorar a infraestrutura logística e reduzir os custos de insumos como energia e matérias-primas.

O ritmo de retomada da economia ainda está mais lento que o esperado no início do ano, mas o terceiro trimestre mostra "razoável aceleração" na comparação com o segundo, diz Marcos Magalhães, presidente da Rede. Para ele, o novo governo terá como grande desafio "mostrar grande capacidade de articulação política". "Sem reformas, quem ganhar a eleição não conseguirá manter um ciclo virtuoso de crescimento", disse.

A medida mais relevante que o próximo presidente da República deveria tomar é a redução do déficit fiscal, defende Emilio Moraes, assessor da vice-presidência da Grendene. Para a empresa, a situação do país neste terceiro trimestre é semelhante à do mesmo período do ano passado, sem grandes melhoras.

Eduardo Navarro, diretor-presidente da Telefônica Brasil, considera "primordial" o combate ao desemprego e a recomposição da renda do trabalhador. Para isso, é preciso que ocorra a retomada do investimento, defendeu.

"As decisões de investimento são tomadas a partir da confiança que o empresariado tem no país e isso somente será possível se o Brasil de 2019 tiver uma agenda forte para as reformas da Previdência, tributária e trabalhista", afirmou.

A retomada dos investimentos e, consequentemente, do crescimento vai depender do resultado eleitoral, na opinião de Geraldo Enck, presidente da holding Évora. Enck avaliou que o ajuste fiscal será fundamental para "incentivar investimentos e fazer a economia deslanchar".

A Atlas Schindler do Brasil já identifica recuperação da economia neste trimestre, apesar da queda de maio provocada pela greve dos caminhoneiros. Questionado sobre qual deveria ser a primeira medida do sucessor de Michel Temer, Flavio Silva, presidente da empresa, destacou o ajuste das contas públicas. Para ele, o novo governo "deve se esforçar para resolver a questão fiscal".

Para o diretor-executivo da Saber, holding de educação do grupo Kroton, a primeira medida do novo presidente é "perseguir incansavelmente as metas do Plano Nacional de Educação [PNE], que já endereçam muitas questões importantes para o desenvolvimento do país".

Apesar de um primeiro semestre com retração no volume de venda de cervejas, a Ambev está otimista com o desempenho da companhia no ano. Fernando Tennembaum, vice-presidente de relações com investidores da Ambev, disse que, apesar da greve dos caminhoneiros, a companhia conseguiu crescer em volume no segundo trimestre.

O diretor-presidente da Friato, Francisco Tomazini, afirmou que o próximo presidente precisa diminuir o tamanho e o custo do governo e valorizar os geradores de riqueza e empregos que movimentam a economia do país.

Para Fabio Venturelli, CEO da São Martinho, considera que houve melhora da economia e que isso impacta diretamente nos resultados da empresa, com alta do consumo de álcool, açúcar e energia elétrica.

O próximo presidente deve inicialmente adotar medidas relacionadas ao equilíbrio das contas públicas, disse Gilson Berneck, presidente da Berneck. "O governo precisa reduzir os gastos internos, o custo da máquina pública", afirmou.

O diretor da Brasil PCH Cristiano Barros, defende que a próxima administração no Planalto adote como medida inicial reduzir o tamanho do Estado. Ele diz que há sinais de melhora da economia neste trimestre.

O momento da economia é desafiador, afirma Vinicius Albernaz, presidente do grupo Bradesco Seguros e diretor-presidente da BSP Empreendimentos Imobiliários. De acordo com Albernaz, "o mercado mais cauteloso exige maior seletividade com relação aos ativos e projetos a serem desenvolvidos".

Para Carlos Moura, diretor financeiro da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), a primeira medida que o novo presidente deve adotar é propor uma reforma política que traga estabilidade.

A presidente da Sabesp, Karla Bertocco, avalia que a retomada da economia permanece em ritmo fraco, abaixo das expectativas projetadas no fim do ano passado.

Reforma da Previdência deveria ser a primeira medida do novo governo, na visão do presidente da Empa, Antonio Venâncio Neto. "Se não fizer, o país não terá como investir."