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SÓ METADE DOS TRABALHADORES CONSEGUEM REAJUSTES ACIMA DA INFLAÇÃO

Só metade dos trabalhadores conseguem reajustes acima da inflação

Só metade das negociações salariais que foram feitas no ano passado tiveram reajuste real, ou seja, acima da inflação para os trabalhadores. É o que apontam os dados do Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

O desemprego elevado e subutilização da força de trabalho têm reduzido a pressão sobre reajustes salariais. Segundo entidades de classe, isso também é um reflexo da reforma trabalhista, feita em 2017, e a perda de poder de barganha explicaria a estagnação na variação do rendimento.

Novo salário

Os cálculos consideram a inflação pelo índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que ficou em 3,4% em 12 meses até dezembro.

De 49 categorias analisadas, 25 tiveram ganhos reais. Os maiores foram para Funcionários de Condomínios, de 1,08% e limpeza urbana (0,7%).

Setores em crescimento

Reajuste

Condomínios e Edifícios

1,08%

Limpeza urbana e Conservação

0,70%

Indústria cinematográfica e Fotografia

0,69%

Distribuição Cinematográfica

0,63%

Serviços a terceiros

0,57%


Já quem trabalha no agronegócio da cana-de-açúcar teve reajustes salariais que acabaram perdendo para a inflação, com uma queda real de 1,07% no ano passado. Em seguida, vêm os empregados domésticos (0,44%) e os profissionais de lavanderias (0,11%).

Setores em queda

Reajuste

Agronegócio da cana

- 1,07%

Empregadores domésticos

- 0,44%

Lavanderias e Tinturarias

- 0,11%

Despachante e Armazenagem

0

Transporte e armazenagem

0


Reajuste salarial

O coordenador do projeto Salariômetro e professor da Universidade de São Paulo, Hélio Zylberstajn, diz que o principal fator que explica os reajustes mais baixos foi o aumento da inflação no ano passado. "No Brasil, existe uma cultura arraigada de que repor a inflação é direito do trabalhador. Nesse contexto de economia fraca, as empresas acabam conseguindo só repor a inflação do período."

Para este ano, segundo o economista, os reajustes devem voltar a ficar acima da inflação só a partir de abril. "Este ano deve ocorrer o mesmo que em 2019: poucos aumentos reais."

Reforma Trabalhista

O número de acordos e convenções caiu quase 16% depois da reforma trabalhista, no fim de 2017. Naquele ano, foram concluídas 34,8 mil negociações, ante 29,4 no ano passado, pelos dados preliminares da Secretaria do Trabalho.

Com as mudanças, o negociado passou a prevalecer sobre o legislado quando consideradas as hipóteses previstas na própria legislação. Também houve uma flexibilização quanto à possibilidade de negociação entre empregado e empregador.

Em 2018, uma pesquisa do IBGE apontou que os sindicatos haviam perdido 1,5 milhão após a reforma trabalhista.