AFIF É COTADO PARA ÁREA DE DESBUROCRATIZAÇÃO
Presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, poderá vir a assumir um posto no governo Jair Bolsonaro para ajudar a simplificar a vida das pessoas e das empresas
ABNOR GONDIM
O futuro Ministério da Economia vai ter um setor destinado a estimular a desburocratização no País, simplificando a vida das pessoas e das empresas. Para tocar a missão, deverá ser indicado Guilherme Afif Domingos, presidente do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
Para a pasta da Economia, Afif levará a experiência da luta de décadas em defesa dos pequenos negócios e como ex-ministro da Micro e Pequena Empresas e presidente do Conselho Deliberativo do Programa Bem Mais Simples Brasil no governo Dilma Rousseff.
Nessa quinta-feira (29), o presidente do Sebrae esteve no Centro Cultural do Banco do Brasil, sede da equipe de transição, para conversar sobre o tema com o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes.
Eles são amigos de longas datas. Em 1989, quando Afif foi candidato à Presidência da República, Guedes ajudou a elaborar seu programa de governo, com a proposta de se criar um Estado forte e descomplicado.
Na saída, Afif negou que tenha sido convidado para cuidar do tema como assessor especial de Guedes, apontando ter exposto ao guru econômico de Bolsonaro a importância de desburocratizar processos no Brasil.
A propósito, desburocratização é das prioridades mais citadas por Guedes antes, durante e depois da campanha eleitoral.
Empregos
Afif aposta que o governo Jair Bolsonaro vai ampliar o apoio aos pequenos negócios. A favor do segmento, o Sebrae aponta que a geração de empregos, de janeiro a outubro, superou a expectativa de todo ano, atingindo a marca de 650,4 mil novas vagas.
Conforme levantamento do Sebrae, com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), os números representam 80% dos empregos gerados no país, cinco vezes mais que as médias e grandes corporações, que no mês passado extinguiram 6.610 vagas.
Uma das principais propostas defendidas por Afif para melhorar o mundo dos negócios é a aprovação da proposta que patina no Congresso sobre a criação da Empresa Simples de Crédito (ESC). É uma nova modalidade de empresa de crédito de âmbito municipal em que o empreendedor empresta recursos a terceiros por conta e risco próprios.
MP dos Museus
Antes de deixar a presidência do Sebrae no fim de dezembro, Afif vai se dedicar a promover ajustes na medida provisória 850, editada pelo governo para facilitar a reconstrução do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, destruído por um incêndio.
Também nessa quinta-feira, o Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae elegeu como o novo presidente da instituição o ex-deputado João Henrique Sousa, atual presidente do Conselho Deliberativo do Serviço Social da Indústria (Sesi) para o período 2019-2022. Ele foi indicado pelo presidente Michel Temer a contragosto do futuro ministro Paulo Guedes
A MP gerou um embate entre Afif e o presidente Michel Temer porque tira 6% da arrecadação do Sebrae para a futura Agência Brasileira de Museus (Abram). O Sebrae já estimulou ações contra a MP, inclusive no Supremo Tribunal Federal.
Na quarta-feira (28), em audiência na comissão mista da MP, o gerente de Políticas Públicas e Desenvolvimento Territorial do Sebrae, Bruno Quick, protesto contra a crescente retirada de recursos do Sebrae para novas instituições.
Ele disse que o Sebrae já perdeu 12% para a Agência de Promoção de Exportação (Apex) e 3% para a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Sistema S
Em contrapartida, o senador Ataídes de Oliveira (PSDB-TO) apontou que 6% da receita do Sebrae é pouco. Defendeu que esse percentual deveria ser aplicado sobre a arrecadação de todo o Sistema S, que reúne entidades ligadas a confederação empresariais voltadas a ações de formação profissional, assistência social, cultura e lazer
"Se aplicado sobre todo o Sistema S, isso iria dar uns R$ 150 milhões", apontou.