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EM DEPOIMENTO, BLOGUEIRO BOLSONARISTA DIZ QUE NÃO FOMENTOU ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS

O blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio, preso em Campo Grande (MS) na última sexta-feira (26/6), prestou depoimento nesta quinta-feira (2/7) à Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Dicor) do Distrito Federal e negou que tenha fomentado atos antidemocráticos. 

Blogueiro foi preso na última sexta-feira (26/6)
Reprodução

A ordem de prisão partiu do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e foi cumprida pela Polícia Federal. Para os investigadores, o jornalista, suspeito de promover atos contra o Supremo Tribunal Federal e em defesa da ditadura, usava táticas de contra-informação para não ser localizado e poder transitar à vontade. Também havia, de acordo com a PF, a suspeita de que ele pudesse fugir para o Paraguai, local que visitou recentemente. 

Eustáquio admitiu ter ido a uma manifestação que ocorreu na praça dos Três Poderes, em Brasília, no dia 21 de junho. Na ocasião, manifestantes bolsonaristas exibiram faixas contra o ministro Alexandre de Moraes. Ele afirmou, no entanto, que esteve no ato na qualidade de jornalista, cobrindo o acontecimento.

Ao ser questionado se apoiava ou não atos antidemocráticos e a volta do regime militar, disse que apoia apenas "a intervenção popular", essa entendida como o exercício da "utilização do direito ao voto de forma consciente" para "colocar no Parlamento pessoas que tenham o desejo de mudar a história da nação brasileira". Também informou que embora houvesse faixas e cartazes contra o STF, eram empunhados por uma minoria. 

O blogueiro confirmou ter proximidade com membros da organização 300 do Brasil, em especial com a extremista Sara Giromini, também presa no curso do inquérito que apura atos antidemocráticos. Giromini foi solta no último dia 24. Ele disse, no entanto, que não faz parte do grupo. 

Sobre a suspeita de que poderia fugir para o Paraguai, a defesa de do jornalista, feita pelo advogado Elias Mattar Assad, já havia informado à ConJur que Eustáquio tem familiares no país vizinho. Filho de mãe paraguaia, tios e tias do bolsonarista ainda vivem no país. 

No depoimento desta quinta, reafirmou ter parentesco com pessoas que vivem no país vizinho e que a suspeita de fuga é infundada, uma vez que nunca houve mandado de prisão expedido contra ele. 

Inicialmente, o mandado de prisão vencia nesta quarta-feira (1º/7), mas foi prorrogado por mais cinco dias. Como não há novas diligências a serem feitas, a defesa de Eustáquio acredita que ele deve ser solto ainda hoje. Também informou à ConJur que já entrou com um pedido de soltura.

Acesso aos autos
Conforme noticiado na segunda-feira, a defesa do blogueiro demorou para ter acesso aos autos. Embora o bolsonarista tenha sido preso na sexta-feira passada, os advogados só souberam quais eram as suspeitas contra ele nesta quarta-feira.

Inicialmente, informou Assad à ConJur, a defesa só teve acesso ao mandado de prisão e de busca e apreensão. "No mandado não consta nenhuma diligência, nenhum objetivo, sendo que é necessário existir utilidade para que esse tipo de detenção ocorra. Eu tive que fazer a peça pedindo a revogação sem ter acesso ao inquérito", disse. 

Eustáquio
Não é a primeira vez que Eustáquio, membro do núcleo duro de apoio a Jair Bolsonaro, vira notícia. No ano passado, ele disse que o jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil, mentiu ao ter afirmado que a própria mãe tratava de um câncer. 

Arlene Ehrlich Greenwald, de 76 anos, morreu pouco depois, após oito anos de luta contra a doença. O jornalista acabou condenado a pagar uma indenização de R$ 15 mil por danos morais a Glenn. 

O ex-deputado Jean Wyllys, do PSol, também entrou com uma ação contra Eustáquio, pedindo para que fosse retirado do Youtube um vídeo no qual o então parlamentar era associado ao atentado à faca sofrido por Bolsonaro em 2018. 

Inq 4.828