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CELSO DE MELLO CLASSIFICA COMO NECRÓFILO DISCURSO DE BOLSONARO SOBRE MÁSCARAS

O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, criticou duramente as declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a possibilidade de o Ministério da Saúde passar a recomendar a dispensa do uso de máscara para quem foi vacinado.

Bolsonaro disse que iria pedir parecer ao Ministério da Saúde sobre dispensa do uso de máscaras para quem já foi vacinado
Antonio Cruz/ Agência Brasil

"O discurso de Bolsonaro pronunciando-se pela dispensa da máscara, mais do que um ato temerário, constitui, na realidade, um inconcebível ‘discurso necrófilo’ que é rejeitado pela ciência e que não pode nem deve ser acolhido por razões de sensatez, de responsabilidade e de respeito e preservação da vida e da saúde do povo brasileiro" declarou.

Em uma live em seus perfis nas redes sociais Bolsonaro classificou o uso de máscaras como uma "opressão". "Conversei com Queiroga, dei a notícia um pouco mais cedo. Ele vai fazer um estudo de modo que possamos sugerir ou orientar a desobrigação do uso da máscara para quem já foi vacinado ou para quem já contraiu o vírus. A gente não pode viver numa opressão a vida toda sobre isso aí", disse.

Celso de Mello não foi a única personalidade da comunidade jurídica a condenar a fala do presidente. Atual decano do Supremo, o ministro Marco Aurélio disse ser impensável a dispensa do uso de máscara entre vacinados.

"Isso é impensável. Foge ao bom senso. Ainda estamos em meio à pandemia e toda cautela que puder ser implementada é bem-vinda. Temos vários casos de pessoas vacinadas que depois pegaram a Covid. Deveria haver uma propaganda maciça pelo uso da máscara, distanciamento social, uso do álcool e higiene das mãos. Nós ainda não suplantamos a pandemia. Basta constatar o número de mortes por dia", disse o ministro.

Quem também condenou a medida proposta por Bolsonaro foi o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz. "Diante do aumento da vacinação, por motivos alheios ao seu trabalho e desejo, o presidente tenta uma nova fórmula para matar mais alguns brasileiros. Tirar as máscaras das ruas! Ninguém pode dizer que o partido da morte não tem um líder coerente e tenaz no Brasil."

Políticos de diferentes matizes ideológicas como o ex-presidente LulaMarina SilvaCiro Gomes, e Renan Calheiros também criticaram duramente a fala do presidente. O relator da CPI da Covid-19 chegou a comparar Bolsonaro com o líder da seita religiosa Templo dos Povos, Jim Jones. Ele se tornou mundialmente conhecido por promover um massacre misto de suicídio coletivo e assassinato em massa que vitimou 918 pessoas em 19781

"Logo que foi descoberta sua atividade de lobista de cloroquina, o presidente muda o assunto e declara guerra à máscara. Quer o Brasil exposto ao vírus. Temos um Jim Jones na presidência. A diferença é que o louco americano induziu ao suicídio, e o brasileiro quer também o assassinato em massa", declarou Renan Calheiros.  O Brasil já registrou 482 mil mortes provocadas pela Covid-19.