COVID-19: DÍVIDA DAS EMPRESAS ALCANÇA 61,7% DO PIB
Edmond Dantès
Uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Mercado de Capitais da Fipe (Cemec-Fipe) mostra que a pandemia de coronavírus aumentou o endividamento das empresas, subindo para 61,7% do PIB, o maior percentual da década.
Esse resultado também foi incentivado pelas linhas emergenciais de créditos disponibilizadas pelo Governo Federal para amenizar os efeitos da crise econômica.
Em 12 meses, a captação de recursos atingiu R$ 420,5 bilhões, uma alta de 28,3% na comparação com o acumulado de 2020. Desse total, mais de três quartos foram captados na forma de dívida. A desvalorização cambial também contribuiu para o resultado.
Confira a tabela de captações abaixo:
Crédito |
2019 |
2020 |
12 meses até março/2021 |
Crédito Direcionado BNDES |
|
6,631 |
5,56 |
Crédito Direcionado Outros |
|
118,063 |
122,12 |
Crédito Bancário - Recursos livres |
91,337 |
186,462 |
144,82 |
Emissões (IPO - Follow On) |
34,081 |
61,936 |
72,23 |
Mercado de capitais (títulos de dívida) |
180,001 |
12,150 |
72,31 |
Mercado internacional |
|
|
3,50 |
Total |
184,8 |
327,8 |
420,50 |
Créditos pandemia
Os créditos emergenciais disponibilizados pelo Governo foi destinado, principalmente, para micro, pequenas e médias empresas.
Entre as medidas estão o Programa Emergencial de Acesso a Crédito (Peac), do BNDES, e o Programa Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Pronampe) .
Do total de R$ 272 bilhões de créditos bancários contratados em 12 meses até março, R$ 196 bilhões (72%) foram realizados pelas empresas de menor porte e R$ 77 bilhões com as maiores.
O Peac perdeu a validade em dezembro, já o Pronampe se tornou política permanente de crédito.
Inadimplência
Dados do Banco Central mostram que a inadimplência de pessoas jurídicas foi de 1,27% em abril, último dado disponível, ligeiro aumento sobre o fim de 2020, quando estava em 1,2%.
“A inadimplência deve manter alguma tendência positiva. Mas o impacto da crise foi muito limitado, menor do que esperávamos considerando as pressões de caixa nas companhias, por repactuação de dívidas e a expectativa, não confirmada, de queda do PIB e receita no primeiro trimestre de 2021", afirma Carlos Antonio Rocca, coordenador do Cemec-Fipe.