GOOGLE: ANÚNCIOS DIVULGAM SITES FALSOS PARA NEGOCIAR E QUITAR DÍVIDAS COM DESCONTOS OFERECIDOS POR WHATSAPP
Foto: Jeso Carneiro/Pixabay
Um novo truque está sendo utilizado para aplicar golpes na população. Criminosos estão contratando a plataforma de publicidade do Google para impulsionar sites falsos aos primeiros resultados de buscas relacionadas à quitação de dívidas e boletos.
Isso é possível porque, antes dos resultados ditos "orgânicos", oGoogle mostra os links patrocinados por quem paga pelo destaque. Pesquisas para "quitar boletos", "limpar nome" e "pagar dívida" são alguns exemplos em que esses sites podem aparecer em meio a outras páginas legítimas de bancos e assessorias de cobrança, prejudicando usuários e empresas legítimas do setor.
O blog do Altieres Rohr, no G1, tem monitorado os resultados das buscas desde fevereiro e encontrou vários resultados fraudulentos em todas as vezes que os termos foram checados. A última checagem foi neste domingo (13), em que um dos resultados para "quitar dívida" era um site falso em nome do Serasa.
Caso a vítima acesse o link oferecido, a página normalmente promete descontos para quitar dívidas ou boletos. Na maioria das vezes, é sugerido que a vítima inicie uma negociação por WhatsApp.
Durante a conversa pelo aplicativo, os golpistas pedem dados, como nome e CPF, e podem solicitar detalhes sobre os débitos pendentes. Em seguida, é oferecido um desconto e um boleto para o pagamento.
Se o boleto for pago, o dinheiro irá para a conta dos criminosos e as dívidas não serão pagas. Recuperar o dinheiro pode ser muito difícil, já que os valores poderão ser sacados já no dia seguinte. Os golpistas muitas vezes prometem que o nome ficará limpo em 72 horas após o pagamento, permitindo que eles ganhem tempo para retirar o dinheiro do banco.
Como evitar o golpes
Segundo Paula Gasola, coordenadora da comissão de prevenção de fraudes da Associação Nacional das Instituições de Crédito (Acrefi), conferir o beneficiário do boleto é a dica mais importante para evitar essa fraude.
A informação completa sobre o beneficiário, como nome e CNPJ, deve aparecer durante a confirmação do pagamento do boleto. Na maioria das fraudes, os dados do beneficiário não vão corresponder a qualquer entidade legítima.
"O beneficiário será uma pessoa física ou uma pessoa jurídica que não é credora daquele débito", explica Gasola.
Outro ingrediente essencial do golpe são as informações entregues pela própria vítima, como nome, CPF e dados da dívida. Com isso em mãos, o criminoso pode apresentar dados aparentemente legítimos sobre o débito.
"Nunca forneça seus dados em um link de WhatsApp ou através de um site que não é da instituição", recomenda Gasola.
Desconfiar dos descontos oferecidos também pode ajudar. Em muitos casos, o consumidor pode conseguir qualquer desconto disponível negociando diretamente com a empresa credora.
Como os golpistas não se limitam aos descontos reais, eles normalmente farão ofertas incompatíveis com aquilo que os credores oferecem. Gasola recomenda que o consumidor busque a própria instituição, e não um intermediário, para se informar sobre possíveis descontos.
O que diz o Google
Mesmo com a recorrência da fraude ao longo dos meses, o Google não se comprometeu com a adoção de medidas específicas para coibir esta fraude. Em resposta ao blog, a empresa destacou que combate todo tipo de fraude publicitária e que removeu 3,1 bilhões de anúncios em 2020 – uma média de 5,9 mil remoções por minuto.
Essas remoções dependem de uma violação explícita das políticas do Google. "Quando não há elementos suficientes para identificar se houve uma violação das nossas políticas, cabe à Justiça determinar a remoção do conteúdo, de acordo com os termos do Marco Civil", defendeu a empresa.
O Google recomendou que usuários só forneçam seus dados em serviços e aplicativos legítimos, como o banco ou páginas do governo. Dados não devem ser fornecidos quando não houver certeza de que se trata de uma comunicação legítima.
A empresa também informou que usuários podem denunciar peças de publicidade suspeita. A denúncia exige que o usuário clique no link "Por que esse anúncio?", acessível por um pequeno ícone no canto da peça.
Durante a pandemia, o Google adotou resultados especiais em buscas ligadas ao coronavírus para evitar fraudes e a desinformação. O blog perguntou se uma medida semelhante poderia ser adotada com as fraudes financeira. A empresa respondeu apenas que continuaria tomando as medidas cabíveis para anúncios que violem suas políticas.