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JUSTIÇA RECEBE A DENÚNCIA CONTRA ACUSADOS NO ASSASSINATO DE ALCEBÍADES PAES GARCIA PELA DISPUTA NO JOGO DO BICHO NO RIO

A juíza Tula Corrêa de Mello, da 1ª Vara Criminal da Capital, recebeu a denúncia e decretou a prisão do contraventor Bernardo Bello Pimentel Barboza, Leonardo Gouvêa da Silva, o “Mad”, Leandro Gouvêa da Silva, e os ex-PMs Wagner Dantas Alegre, Thyago Ivan da Silva e Carlos Diego da Costa Cabral, acusados do assassinato de Alcebíades Paes Garcia, o “Bid”, pela disputa no controle dos pontos de jogo do bicho e máquinas caça-níqueis na Tijuca e na Zona Sul do Rio. Atingida por tiros de fuzil, que teriam sido disparados pelo segurança do contraventor, Wagner Dantas Alegre, a vítima desembarcava de uma van no Condomínio Barra One, na Barra da Tijuca. A denúncia apresentada pelo Ministério Público aponta que o crime foi encomendado por Bernardo Bello, preso no fim de semana na Colômbia. Sua extradição para o Brasil é aguardada.

Conforme o relato na acusação, a disputa pelos negócios ilícitos da família Garcia tem desencadeado uma série de assassinatos. Começou com a morte de Waldemir Paes Garcia, “o Maninho”, filho de Waldomiro Paes Garcia, o “Miro”, patriarca da família. “Maninho” foi emboscado e morto a tiros em setembro de 2004. “Miro” morreu por doença um mês depois do filho.  

Em seguida, ocorreu o assassinato de José de Barros Lopes, o “Zé Personal”, marido de Shana Harrouche Garcia, filha de “Maninho”, que, também, foi vítima de um atentado a tiros e se protegeu no carro blindado. “Zé Personal” teria  rompido com o seu segurança, Adriano da Nóbrega, ex-capitão da PM e apontado como chefe do “escritório do crime”. Com o rompimento, o ex-segurança se aliou a Bernardo Bello Pimentel Barboza, com o objetivo de alcançar o domínio das bancas de bicho e das máquinas caças-níqueis. Bernardo foi companheiro de Tamara Harrouche Garcia, irmã de Shana e filha de “Maninho”. Outro filho de “Maninho”, Myro Garcia, o “Mirinho”, também foi assassinado após o pagamento de resgate a sequestradores, que foram condenados pelo crime. 

De acordo com depoimento de testemunhas, “Bid” planejava assumir o controle do jogo explorado pela família e, para tanto, teria vendido uma fazenda por R$ 38 milhões. Após participar do desfile do Salgueiro, no Sambódromo, retornou para casa de van, em companhia de Fabíola da Costa Azevedo. Por indicação do ex-PM Glauber Barroso da Silva, a vítima contratou Thyago Silva e Carlos Cabral como seguranças. No entanto, Carlos Cabral alegou ter se perdido na saída do Sambódromo e apenas Thyago fez a escolta, sem intervir para evitar o atentado que culminou com a morte da vítima. Investigações apontam que, durante a viagem, Thyago passava informações em tempo real para Cabral.  

De acordo com a denúncia, a quebra do sigilo de dados telemáticos indicou que Leandro, Leonardo e Glauber, monitoraram a vida e a rotina de Alcebíades. Com a utilização da mesma técnica de investigação, ficou constatado que Leandro e Leonardo investigaram a rotina de “Bid”, que passou uma temporada no México. Glauber foi assassinado dias depois de prestar depoimento à polícia sobre o assassinato de “Bid”.

Os acusados já tiveram as prisões decretadas pela juíza, que levantou o sigilo do processo.  

A defesa de Bernardo Bello ingressou com pedidos de HC no Plantão Judiciário. Os pedidos foram negados.  

Processo: 0015647-61.2022.8.19.0001

PC/MB/FS