MATERNIDADE E PROFISSIONALISMO - IVANILDA FIGUEIREDO
Sou professora universitária, advogada, mãe. Muitos outros rótulos poderiam me identificar, pois sou múltipla. Todas e todos somos e por isto os preconceitos são tão deletérios: eles aprisionam as pessoas em uma só característica e as tratam com discriminação por conta dela.
Na instauração do Conselho Pleno da Ordem compareci representando o Ceped/Uerj, onde sou diretora, pois temos uma sólida parceria com a Ordem e apoiamos com bolsa integral e parciais os vencedores do prêmio do 2º Concurso de Redação Jurídica da OABRJ. Foi uma honra estar presente. Porém, por um contratempo e realidades do dia a dia materno, não tive com quem deixar meus filhos pequenos. Fui com eles.
Ao entrar no ambiente formal da instituição que tantas vezes frequentei como membro da Comissão de Direitos Humanos, me senti intimidada e tive medo de atrapalhar. Porém, em momento algum fui questionada pela presença deles. Pelo contrário, fui acolhida pelo presidente, Luciano Bandeira, pela vice, Ana Tereza Basilio, e pela equipe. Sendo eles muito pequenos, não tinha como soltá-los e eles, inclusive, apareceram em todas as fotos. Ajudou o fato deles adorarem ser fotografados.
Esta experiência me fez refletir sobre todas as mulheres mães que lutaram e lutam para que possamos estar em qualquer espaço. Eu não falto meus compromissos profissionais e valorizo muito as oportunidades que conquistei. Não pretendo abdicar delas e continuo tendo ambições. Ser mãe não pode ser um impedimento a isto. Por isso, fiquei pensando o quanto seria positivo se em todos os escritórios compartilhados houvesse um espaço para permanência temporária de crianças e um espaço kids nos eventos. Mães e pais poderiam se beneficiar sabendo que seus filhos não serão um empecilho ao desenvolvimento de sua atividade profissional.
Os pequenos ainda estão em horário de adaptação na escola e esta semana também foram comigo à Uerj. Tenho a sorte de vivenciar a gestão de Ricardo Lodi na reitoria que instaurou 50% de aumento no auxílio-creche e o ampliou para beneficiar também aos estudantes. Eles puderam lá permanecer sem problemas enquanto eu resolvia o necessário.
Ainda assim, não é fácil conciliar a maternidade com todas as outras atividades que a vida nos exige. Penso em quantas mulheres sentiram que não seria possível ou que efetivamente não têm condições sociais e materiais de conciliar a vida profissional e a maternagem. Pensando nelas, vejo o quanto é importante subverter a lógica dos ambientes mais formais com a presença dos pequenos num gesto afirmativo de que permaneço profissional e sou mãe.
Obrigada pelo acolhimento OABRJ e continuemos a avançar!