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EVENTO NA OABRJ DEBATEU VIOLÊNCIA CONTRA ADVOGADOS

Organizado pela Comissão de Enfrentamento à Violência contra Advogados (Ceva), o evento "Advocacia respeitada é cidadania valorizada" discutiu os riscos enfrentados pela advocacia na noite da última terça-feira, dia 31, no Plenário Evandro Lins e Silva, na sede da Seccional. A cerimônia contou com discurso de abertura do presidente da OABRJ, Luciano Bandeira, e comando do presidente da Ceva, Paulo Castro.

O evento homenageou os advogados Ricardo Menezes, Wanderlei Rebello, Luiz Azenha e Alexandre Ayres, responsáveis pela criação da comissão, ainda na OAB/Barra da Tijuca. Em seu discurso, o vice-presidente do grupo na Seccional, Daniel Sanchez, lembrou o assassinato do advogado Carlos Daniel Dias André, na Região Oceânica de Niterói, que também foi homenageado com um minuto de silêncio no Plenário.

"Precisamos nos unir cada vez mais para não permitir que coisas assim aconteçam", afirmou o vice-presidente. "Em cinco anos de Ceva, é o terceiro caso de advogado vitimado em função de sua profissão. Muitas vezes as percepções da advocacia e de seus clientes se confundem na cabeça das pessoas. Até para que alguém seja condenado ele precisa de ampla defesa. A Ceva está à disposição de todos, mas espero que ninguém nunca precise de nós. Infelizmente temos que estar aqui porque injustiças são cometidas diuturnamente, seja vitimando advogados, violando seus direitos ou produzindo obstáculos para a advocacia. Estamos aqui para superar tudo isso".

Completaram a mesa de abertura a vice-presidente da OABRJ, Ana Tereza Basilio; o procurador-geral da Ordem e coordenador das Comissões Especiais, Fábio Nogueira; o advogado e psicólogo Carlos de Assis; a secretária-geral da OAB/Barra da Tijuca, Patricia Pacheco; e a advogada Nayara Gilda Gomes Acha Prestes, baleada em seu escritório, em Campos dos Goytacazes, em janeiro. Nayara agradeceu o apoio que recebeu e narrou os momentos de tensão que viveu durante o ataque.
 

"Minha preocupação após ser baleada era com um cliente, que é cego, e estava me aguardando no fórum. Este ano percebi que somos uma grande família. A capital é longe, são mais de trezentos quilômetros de distância, mas quando recebi o convite fiquei esperando ansiosa o momento de vir aqui falar com vocês. Foram quatro tiros, cinco cirurgias e até hoje não consigo ouvir barulho de tiros, nem em filme. Em caso de assaltos, acho que não há sentido em reagir. è melhor deixar que levem tudo. Mas em caso de tentativa de homicídio, é você ou você. Não fosse isso, eu  não teria visto o aniversário de dois anos do meu filho, não teria vivido para ver o Dia das Mães e não estaria aqui hoje conversando com vocês".


Vice-presidente da OABRJ, Ana Tereza Basilio fez um relato pessoal sobre a atual perseguição à advocacia. "Me sinto muito à vontade para participar deste evento, já que também fui vítima da violência contra a classe e tive minha vida pessoal e profissional violadas. Antes eram os criminalistas que sofriam perseguições, mas agora isso se estende aos tributaristas, aos advogados empresariais, e até mesmo aos societários. Esse é um problema cultural e também da subversão da nossa função, como se fôssemos defensores dos malfeitos".

A vice-presidente lembrou os perigos enfrentados pelas mulheres na advocacia não somente pelo risco da violência física, mas também pelo perigo do assédio sexual.

"Se nós já estamos fragilizados como advogados perante as autoridades, as mulheres advogadas passam por uma dificuldade ainda maior. Em primeiro lugar por sua fragilidade física, e temos apoiado diversos treinamentos de defesa pessoal em várias subseções. Mas há um outro tipo de violência, muito difícil de enfrentar e, infelizmente, muito frequente, que é o assédio sexual seja de colegas no local de trabalho ou de magistrados nos tribunais. Precisamos começar a mudar essa história e para isso, precisamos que as mulheres percam o constrangimento e denunciem. É dever desta casa denunciar esse tipo de prática, mas é importante que os homens também se conscientizem dele".