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EVENTO NA OABRJ ABORDA A BUSCA PELA IGUALDADE RACIAL NA MODA

Foi realizado nesta quarta-feira, dia 17, no Plenário Carlos Maurício Martins Rodrigues, na sede da Seccional, o evento “Os desafios da busca pela igualdade racial na moda”. Organizado pela Comissão de Direito da Moda (CDMD) da OABRJ, o encontro levantou pautas raciais e culturais no ramo da moda e os obstáculos enfrentados pela população negra diante de um cenário elitista.

Comandaram o evento a 1ª vice-presidente do grupo, Andreia de Andrade Gomes; e os membros Renata Shaw e Alvaro Loureiro, este último é, também, presidente da Associação Brasileira dos Agentes da Propriedade Industrial (Abapi).
 

“A ideia deste evento foi trazer esses palestrantes para tratarem sobre questões estruturais de racismo e suas experiências pessoais, importantes para a população negra no âmbito da moda”, explicou a advogada Renata Shaw.


O papel do negro na moda foi tema tratado pelos palestrantes, a diretora de Igualdade Racial da Ordem, Ivone Ferreira Caetano; o mestre em Direito e assessor do programa LGBTI de Race and Equality no Brasil, Isaac Porto; e a advogada, historiadora e head de Diversidade da Farm Rio, Carolina Sodré.

As palestras abordaram as questões estruturais e institucionais sobre o racismo no Brasil; as relações de gênero e sexualidade; o padrão na moda e a retratação da população negra; o mito da democracia racial no Brasil e a ideologia do embranquecimento; as raízes da história negra na moda, baseadas em estudos de afro brasilidade e afrocentrados; a ausência do cumprimento da Lei Nº 10.639, de 2003 - que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, incluindo no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira” -, e como isso se reflete na indústria e na empregabilidade de pessoas pretas e pardas; e o apagamento da cultura negra.

Diretora de Igualdade Racial, Ivone Caetano pontuou, em meio a sua fala, a meritocracia no país. “Como querer a meritocracia sem o estudo, sem reconhecer a sua cultura e tudo que nos foi retirado?”.

“A busca pela igualdade na moda será um caminho difícil, pois temos que estruturar o racismo primeiro. A moda é uma das instituições que sempre teve racismo, e roubou de nós, negros, toda a nossa ancestralidade. Se aproveitaram da interseccionalidade para aumentar de forma discreta o poder”, ponderou Caetano. “Tudo do negro foi usurpado, principalmente nossa cultura. Nossa história é inviabilizada e distorcida, fomos trazidos como moeda de troca e não como seres humanos. Tem que se fazer o letramento da raça negra, a busca tem que passar por isso, além de construir políticas públicas que sejam devidamente implementadas. E reforço: a igualdade não beneficia somente a nós negros, e sim a todos”.

Ao final do encontro, os integrantes da mesa cederam espaço para relatos e perguntas do público.