OABRJ DISCUTE REALIDADE DE MODELOS PROFISSIONAIS
Evento contou com presença de profissionais e representantes sindicais e de agências
O Plenário Carlos Maurício Martins Rodrigues, na sede da Seccional, abrigou, na manhã da quarta-feira, dia 26, o evento "Catwalk da Justiça: a situação dos modelos profissionais no RJ", organizado pela Comissão de Direito da Moda (CMDM) da OABRJ. A cerimônia foi comandada pela integrante da CMDM, Renata Shaw, e contou com a participação, na abertura, da vice-presidente da Seccional, Ana Tereza Basilio, que reafirmou o apoio da Diretoria à comissão e aos eventos promovidos pela CMDM.
"Em 2013 nos reunimos e decidimos reativar o sindicato, para dar voz a modelos negros, LGBTQIA+, plus size e portadores de deficiência", afirmou a presidente do Sindicato dos Modelos Profissionais (SindModel/RJ), Rogeria Cardeal, primeira palestrante do evento.
"O sindicato tem o poder de representar a classe perante o Ministério do Trabalho e todos os órgãos competentes para garantir os direitos dos profissionais, mas ele também atua como um canal de denúncia, e recebemos muitas, desde casos de racismo até tráfico humano e exploração sexual".
A presidente do sindicato destacou as medidas criadas para garantir a segurança dos modelos.
"Hoje temos um Código Brasileiro da Ocupação (CBO) para proteger os trabalhadores, que é o CBO 3764-10", afirmou Rogéria.
"Se você for fazer um trabalho fora do Brasil e quiser ter segurança, é importante ter um registro profissional. Se você está registrado e legalizado, o contratante é obrigado a pagar o piso e o cachê estipulado pela convenção coletiva de trabalho. Com contrato homologado dentro do sindicato, o que fazemos? Levamos este contrato até a Polícia Federal, até o consulado do país no qual este trabalho será realizado, e com isso, os modelos são recebidos nesses países com segurança pelos órgãos competentes. Sem essa proteção, muitas vezes meninas e meninos têm seus documentos confiscados e são submetidos a todo tipo de exploração".
Além de Renata e Rogéria, a mesa do evento contou ainda com a presença da secretária-adjunta da OABRJ, Mônica Alexandre; do presidente da Comissão de Direito Social, Márcio Lopes Cordeiro; da representante da agência Becs Model, Rozi Marinho, e do modelo e produtor Alexandre Katito, que falou sobre suas experiências no mercado da moda.
"Apesar da falta de oportunidades, decidi fazer um curso de modelo e manequim no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), e hoje, muitos daqueles que não levavam fé são os que mais me aplaudem", afirmou Katito.
"Hoje, há um olhar maior para a diversidade e isso possibilita que mais pessoas venham para o mundo da moda. Mas muitos querem o glamour sem o suor, e o suor é parte importante do processo. Quem quiser sair, deve procurar uma agência séria e sair daqui com contrato, sabendo o que será cobrado e como será cobrado. No México, morei com meninas adolescentes emancipadas e acabei sendo quase que um pai para jovens que muitas vezes eram negligenciadas pelas agências, diferentemente do que acontece com as agências sérias no Brasil".