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PMES CRESCEM EM SETEMBRO; INDÚSTRIA E COMÉRCIO SE DESTACAM

Mesmo com números positivos, o cenário é de desaceleração no terceiro trimestre (+2,2), em relação ao primeiro trimestre deste ano (+3,5%).

PMEs crescem em setembro; Indústria e Comércio se destacamFoto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O Índice Omie de Desempenho Econômico das Pequenas e Médias Empresas (IODE-PMEs) apresentou crescimento de 1,1% em setembro de 2022 nas atividades financeiras das PMEs, na comparação com o mesmo mês de 2021. Já na análise direta com agosto, o índice recuou 3,9%.

O período foi marcado pelo bom desempenho do setor industrial (+12,9% frente a setembro de 2021) e, em menor medida, do Comércio (+3,8%). Porém, no intervalo, o IODE-PMEs indica queda das movimentações financeiras reais nos setores Agropecuário (-14,8%), Serviços (-2,7%) e Infraestrutura (-2,%).

O IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$50 milhões anuais, consistindo no monitoramento de 637 atividades econômicas que compõem cinco grandes setores: Agropecuário, Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.

“O crescimento da movimentação financeira das PMEs do setor industrial nos últimos meses é sustentado pela retomada da demanda doméstica e pelo aumento da competitividade de alguns segmentos, em relação à similares importados. Tal movimento reflete a desvalorização do real frente ao dólar, quanto à complexidade trazida pela pandemia no abastecimento de algumas cadeias produtivas – fatores que abrem mercado para a operação de indústrias de pequeno e médio porte especialmente”, explica o gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, plataforma de gestão (ERP) na nuvem, Felipe Beraldi.

Eventos sazonais devem aquecer fim de ano

Além do desaquecimento visto no mercado no decorrer do terceiro trimestre (apenas de 2,2%, avanço mais baixo comparado ao primeiro trimestre de 3,5%), o funcionamento de diversos segmentos deve ser afetado no final do ano pela ocorrência da Copa do Mundo de Futebol, pois nos dias de jogos da seleção brasileira, espera-se uma interferência no funcionamento das empresas no último bimestre do ano.

Os setores mais afetados devem ser as atividades de serviços voltados para Empresas (B2B - ‘Business to Business’) e Indústrias. Ambos os segmentos mostraram um bom desempenho no período recente, o que pode restringir o comportamento do IODE-PMEs como um todo no final do ano. 

No entanto, a Copa do Mundo também deve estimular mercados específicos do Varejo (eletrodomésticos e equipamentos de áudio e vídeo) e toda a cadeia de Comércio e Serviços de produtos alimentícios e bebidas.

O final do ano também é marcado por sazonalidades do comércio como a Black Friday e as compras relacionadas à celebração de Natal. Beraldi explica que esses períodos ocorrerão em um momento de redução parcial das pressões inflacionárias (como a queda dos preços de combustíveis), da ampliação do pagamento do Auxílio Brasil e o pagamento do 13º salário, ações que estimulam o consumo das famílias. 

De toda forma, há elementos a curto prazo que devem restringir a evolução dos negócios das PMEs (especialmente do setor de Comércio) nessa época. 

“Além da Copa do Mundo desviar a atenção dos consumidores, o elevado repasse de custos nos preços de bens finais, no decorrer do ano, e os níveis mais altos das taxas de juros devem restringir as vendas de diversos segmentos do Varejo, a curto prazo”, ressalta o especialista.

Em linhas gerais, os empreendedores devem enfrentar um cenário econômico desafiador, com incertezas internas e externas. Cada vez mais ficarão evidentes no desempenho da atividade econômica os efeitos da subida de juros promovida pelo Banco Central ao longo deste ano. 

“Altas taxas de juros encarecem a tomada de crédito, prejudicando a evolução do consumo, além dos investimentos na economia real. O empreendedor também vive com as incertezas da política econômica, assim como olhar com atenção para a delicada situação fiscal do país. Esses serão fatores fundamentais para a melhora dos negócios no Brasil”, reforça Beraldi.

O ambiente internacional também deve se configurar como um empecilho na expansão da economia brasileira. Com o conflito armamentista entre a Rússia e a Ucrânia, os países desenvolvidos seguem procurando combater a elevada inflação e várias cadeias produtivas e ainda sentem impactos das restrições para controle da covid-19.

Ainda há espaço para que as PMEs brasileiras sigam em crescimento no próximo ano. A pequena queda na inflação no País e o ritmo de recuperação do mercado de trabalho (via retomada da ocupação e evolução dos rendimentos reais) são fatores fundamentais para sustentar o crescimento do consumo das famílias.

“Vale ressaltar que a redução da inflação deverá abrir espaço para reversão da trajetória das taxas de juros no segundo semestre de 2023 e, consequentemente, favorecer o acesso ao crédito. Com isso, os micros e pequenos empreendedores tendem a manter o crescimento dos negócios, ainda que inseridos em um contexto macroeconômico bastante complexo e repleto de incertezas”, finaliza Beraldi.

Com informações da Omie