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BRASIL AVANÇA EM EMPREENDEDORISMO, PORÉM ESTÁ ATRÁS DE 15 PAÍSES LATINOS

País avançou oito posições no Global Entrepreneurship Index (GEI) de 2016, em relação a este ano, e ocupa agora o 92º no ranking que avalia 132 países; Chile, Uruguai e Peru estão na frente

O Brasil avançou no ranking mundial de empreendedorismo Global Entrepreneurship Index (GEI) de 2016, mas ainda está atrás de quinze países latino-americanos, como Chile, Argentina e Peru.

O País passou a ocupar o 92º lugar no levantamento, oito posições acima da registrada no GEI de 2015.

O indicador mensura o ecossistema empreendedor de 132 países. Ou seja, avalia as condições econômicas, institucionais e educacionais para empreender.

Na frente do Brasil, estão países latino-americanos como Chile (16º), Uruguai (47º), Argentina (61º) e Peru (70º). Em 1º lugar estão os Estados Unidos, seguidos de Canadá (2º) e Austrália (3º).

O estudo, divulgado ontem durante a Semana Global de Empreendedorismo, na cidade de São Paulo, mostrou que o avanço na colocação foi impulsionado por "pequenas melhoras em indicadores institucionais e individuais", como em uso de internet e liberdade econômica. Outros indicadores como "percepção de oportunidades" e "cultura empreendedora" foram destaques positivos do País.

Contudo, índices como internacionalização, inovação de produto e capital humano tiveram o pior desempenho na sondagem.

Ao apresentar o GEI 2016, Pablo Ribeiro, diretor de Pesquisa e Mobilização da Endeavor, comentou que, apesar do brasileiro ter um "espírito empreendedor", ainda tem pouca ambição em crescer e inovar, fator em comum com o restante dos países latino-americanos.

"As nossas empresas não exportam o tanto quanto poderiam levando em conta o seu potencial. Temos uma grande produção de commodities, por exemplo, então podemos pensar de que forma podemos criar novos produtos a partir disso", disse Ribeiro.

Sobre internacionalização, o presidente do Sebrae nacional, Guilherme Afif Domingos, ex-ministro da extinta Secretaria da Micro Pequena Empresa (SMPE), ressaltou que a "globalização ainda não chegou nas MPEs brasileiras".

"Os acordos do Mercosul são construídos com base no grande business. Não existe uma proposta de livre comércio que favoreça as micro e pequenas empresas", criticou.

Afif lembrou da proposta do Simples Internacional, que já foi estruturada pelo governo, porém ainda precisa de regulamentação por parte do Ministério do Fazenda. O projeto se trata de uma série de medidas que simplificam a tributação das pequenas exportadoras, além de criar um sistema logístico especializado.

Segundo ele, o Simples Internacional pode alavancar o empreendedorismo das micro e pequenas brasileiras.

Capacitação

Sobre a baixa inovação de produtos e qualidade de mão de obra, Afif diz que isso se supera com capacitação e que o Sebrae vem avançado em programas para formar empreendedores.

Porém, ele destaca que a instituição esbarra na resistência das universidades, principalmente, das públicas.

"O trabalho que o Sebrae faz em termos de empreendedorismo esbarra em um problema de cultura das universidades brasileiras que se sentem ameaçadas com o mercado. Existe uma concepção de que o mercado não deve influir nos conteúdos acadêmicos. Isso é uma barreira, veja os Estados Unidos, por exemplo. Eles são os primeiros no ranking de empreendedorismo justamente por existir lá uma ligação muito forte entre o mercado e a universidade", analisa.

O GEI é um indicador divulgado anualmente e elaborado pelo Instituto de Desenvolvimento Global de Empreendedorismo (GEDI), uma organização sem fins lucrativos que investiga as ligações entre o empreendedorismo, desenvolvimento econômico e prosperidade ao redor do mundo.

Mudanças

Afif comentou ainda que, com a extinção da SMPE, o Sebrae passou de coadjuvante à protagonista nas ações afirmativas que se referem às micro e pequenas. "O Sebrae passa a ter um papel não só formulador como de aplicador de políticas públicas. Até porque, como presidente do Sebrae eu continuo coordenando o programa Bem Mais Simples. Serei presidente do comitê ministerial que deverá dar sequência ao programa de desburocratização e simplificação", assinalou.

"O fato do governo federal ter extinguido o ministério não mostra despreocupação com os temas ligados às micro e pequenas", ressaltou Afif a jornalistas, ontem.