Inclusão e participação ativa na sociedade foram temas de evento realizado na sede da Seccional

O Salão Nobre Antonio Modesto da Silveira, na sede da Seccional, foi palco, na noite de quarta-feira, dia 21, do evento "Síndrome de Down - conscientização, inclusão e possibilidades", organizado pela Diretoria da Pessoa com Deficiência da OABRJ e a organização Interagir e Evoluir. A cerimônia foi comandada pelo diretor da  Pessoa com Deficiência, Geraldo Nogueira, e debateu os desafios na inclusão social de pessoas com Síndrome de Down. 

Psicóloga e CEO do Interagir e Evoluir, Fernanda Rocha falou sobre a necessidade de desenvolvimento da autonomia das pessoas com Síndrome de Down na vida adulta. 

"Trabalho na área de inclusão há dez anos, com crianças e adultos, e percebi que na transição para a fase adulta, o ambiente social das pessoas com Síndrome do Down ia se limitando muito", afirmou a psicóloga.
 

"Quase sempre, eles ficavam o dia inteiro em suas residências sem desenvolver qualquer independência ou autonomia. Então, o Interagir e Evoluir veio com essa proposta de inclusão através dos passeios terapêuticos e de ações com essa proposta de desenvolvimento. As famílias não estarão aí para sempre, então é muito importante que consigamos gerar o máximo de autonomia para essas pessoas e por isso, é importante que façamos debates como esse".

Completaram a mesa inicial, a assessora especial na Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência, Flavia Cortinovis; a cuidadora do Centro Médico de Referência da Pessoa com Deficiência (CMRPD) de Irajá, Andressa Mota, e a integrante da Diretoria da Pessoa com Deficiência da OABRJ Ana Cláudia Corrêa. Andressa tem Síndrome de Down, enquanto Flávia e Ana Claúdia são mães de pessoas com esta condição genética.

"Falamos muito de igualdade, mas muitas vezes nos esquecemos de falar de equidade", afirmou Flávia.

"Muitas vezes precisamos entender que não há igualdade de oportunidades a não ser que todos saiam do mesmo ponto de partida. Temos hoje aqui a Andressa, que trabalha conosco desde 2021, e é uma funcionária incrível. Não há como não olhar para essa plateia hoje e não ficar emocionada. Vários que estão aqui chegaram crianças nas nossas mãos, e hoje são profissionais responsáveis e comprometidos, com objetivos de vida e sonhos. Espero que vocês possam inspirar pessoas, com deficiência ou não, e continuar representando outras pessoas com Síndrome de Down e ocupando todos os espaços. Meu filho tem 12 anos, e o caminho daqueles que vieram antes de vocês e que vocês estão trilhando agora está pavimentando o futuro para a geração dele, e mostrando que um cromossomo a mais é apenas mais uma característica dentro da gigantesca diversidade humana".

Mãe de Pedro, de 12 anos, Ana Cláudia agradeceu o trabalho da Seccional de informar a população sobre a Síndrome de Down e criar condições para que pessoas com deficiência sejam incluídas na sociedade.

"É com muita alegria que celebramos hoje o Dia da Pessoa com Síndrome de Down, porque foi por iniciativa do Brasil ,na Assembleia das Nações Unidas em 2011, que a data foi adotada", afirmou Ana Claudia.

"Quando meu filho nasceu, foi aqui que encontrei apoio e acolhimento, foi aqui que aprendi os direitos da pessoa com deficiência, porque eu não havia convivido com pessoas com Síndrome do Down e não sabia nada. Por isso me tornei uma defensora ferrenha da inclusão. Crescer ao lado de todas as pessoas, independentemente de suas condições, torna isso algo natural. É importante que elas tenham voz própria e suas próprias escolhas. Estamos aqui para garantir essas condições. Essa mudança passa por nós mesmos e por todo um processo de desconstrução. Muitas vezes essas condições são obstruídas não por má vontade, mas por falta de informação. E a OABRJ e essa diretoria estão aqui para isso, para fomentar a participação plena das pessoas com deficiência na sociedade".

O evento contou ainda com as participações dos palestrantes Marleide Costa, Felipe Nilo, Cleide Liaffa, que compartilharam experiências, e de uma segunda mesa com as presenças de Igor Luan, Luana Freitas, Raquel Canela e Pedro Tomás, todos com Síndrome de Down, além de uma performance artística de José Jackson e do grupo de dança Dancing Down.