INVESTIGAÇÃO DA MORTE DE JOVEM COM DEFICIÊNCIA NA BARREIRA DO VASCO FAZ UM ANO SEM INDICIAMENTO E OABRJ PEDE PROVIDÊNCIAS
A OABRJ, por meio da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária (CDHAJ), vem acompanhando juridicamente, desde os primeiros momentos, o caso do homicídio de Ruan Limão do Nascimento, o jovem de 27 anos com deficiência intelectual e dificuldade psicomotora morto por um tiro de fuzil que lhe atingiu as costas, na Barreira do Vasco, em 6 de maio de 2022. Um ano depois da morte - que causou comoção na comunidade e provocou manifestação de pesar e pedido de justiça por parte do Vasco da Gama, clube pelo qual o jovem torcia - e diante da falta de conclusão da investigação realizada pela Delegacia Homicídios da Capital, a Seccional oficiou à 2ª Promotoria de Justiça junto à Auditoria Militar para pedir providências que tirem o caso da aparente paralisia.
Em razão do longo período de investigação policial, bem como das suspeitas de desfazimento da cena do crime, faz-se urgente para a Seccional que o caso seja encaminhado à Auditoria Militar, com abertura de procedimento no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.
No ofício, a Seccional estranha o fato de a investigação do homicídio tramitar na equipe de ‘Morte Por Intervenção de Agente do Estado’ da Delegacia de Homicídios da Capital, posto que as testemunhas ouvidas pelos investigadores afirmaram que não havia tiroteio ou confronto no dia dos fatos.
Segundo essas pessoas, uma viatura compacta da polícia militar, descaracterizada e com policiais à paisana chegou à comunidade e disparos de fuzil foram efetuados por estes agentes. Um desses tiros acertou Ruan na região lombar direita. Os representantes da OABRJ ressaltaram ainda que, após sofrer o disparo pelas costas, Ruan foi colocado na mala desta viatura e levado ao Hospital Municipal Souza Aguiar.
Na segunda-feira, dia 8, a mãe e a irmã de Ruan, a camareira Bianca Alves Limão e Isabela Limão do Nascimento, estiveram na sede da OABRJ para buscar informações sobre o caso.
A família conta que Ruan tinha ido cortar o cabelo na localidade conhecida como Favelinha do Café, por volta das 18h30, quando foi baleado. O sepultamento de Ruan foi realizado no domingo, dia 8 de maio, Dia das Mães daquele ano.
Na nota que divulgou à imprensa à época, a Polícia Militar confirmou que policiais do serviço reservado do 4º Batalhão atuaram na localidade para verificar o comércio ilegal de cobre, mas contradisse o relato das testemunhas afirmando que havia confronto durante a abordagem. A 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) foi acionada e ouviu os PMs envolvidos.