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DEPOIMENTOS RESSALTAM A IMPORTÂNCIA DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA RECEBEREM OPORTUNIDADES

Nesta sexta-feira (23/6), aconteceu a audiência pública sobre a contratação de pessoas em situação de rua por empresas vencedoras de licitações públicas. Organizado pela Escola Judicial (Ejud1) do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (RJ), em parceria com a Ouvidoria do tribunal, o evento aconteceu na sede do regional fluminense, a partir das 10h. Durante a audiência, representantes de diversos segmentos da sociedade participaram como expositores. Presidentes de instituições representativas de magistrados, servidores(as) públicos, pessoas em situação de vulnerabilidade social, assistentes sociais, representantes de ONGs e projetos sociais, advogados(as), pessoas que atuam em projetos voluntários, entre outros, expuseram seus pontos de vista sobre o tema.

Foto da cozinheira social Claudia Maria da Silva QueirogaA cozinheira social Claudia Maria da Silva Queiroga, que atua em projetos voluntários de entrega de marmitas para pessoas em situação de rua, destacou a importância de dar oportunidade de trabalho às pessoas mais vulneráveis. “Entendo que quem não come não sonha, e quem não sonha não busca nada (...). Quis me colocar à disposição de ensinar, além de somente dar a marmita, e de ouvir os anseios dessa população. Muitas pessoas em situação de rua querem de fato trabalhar. Mas quais as oportunidades que elas têm? Quais escolas vão abrir para que elas tenham capacitação para ter oportunidades?”, questionou.  

Também participou da exposição o escritor e assessor da Secretaria de Assistência Social do Rio de Janeiro, Leo Motta. Ele narrou um pouco da sua trajetória quando estava em situação de rua, na busca por oportunidades no mercado de trabalho. “Só foi possível que eu tivesse um endereço para voltar, que meus filhos não tivessem mais vergonha de mim, que minha mãe não chorasse todos os dias, porque uma oportunidade me foi dada. (...) A exclusão é um projeto falido. A solução para muitas coisas, para a virada de chave, é a inclusão”.

O escritor ressaltou como o trabalho transformou a sua vida. “Eu saía entregando meu currículo em diversas lojas (...). Questionava: será que eu não poderia ter um trabalho? Ter meus direitos assegurados e minha carteira de trabalho assinada? (...). Meu primeiro emprego depois da situação de rua foi de lavador de pratos. Eu estava em busca não apenas de uma vaga de emprego, mas de uma oportunidade para deixar de fato a situação de rua e não retornar a ela, para ter uma renda e me manter dignamente”, relembrou Leo Mattos.

A coordenadora do Projeto Juca-Coletivo Solidária RJ e do Fórum Permanente Sobre Pessoa Adulta em Situação de Rua do Rio de Janeiro, Vania Maria de Souza Rosa, destacou a importância de um espaço como este promovido pela audiência pública, que promova o diálogo sobre o tema. Ela também narrou sua experiência quando estava em situação de rua.

“Na rua aprendemos muito, principalmente a nos reconhecermos como seres humanos (...). A rua é consequência de todas as faltas de políticas públicas, de causas emocionais mal resolvidas, da fome, do desemprego, de problemas familiares, violência doméstica. A rua é quem ampara essas pessoas. (...). Sou o resultado de políticas públicas implementadas que funcionaram, nas portas dos Caps (Centro de Atenção Psicossocial), dos Centros Pops, das defensorias públicas, que estavam abertas com pessoas que não tinham só a caneta, mas a caneta e o coração junto”, declarou a coordenadora.

O desembargador ouvidor do TRT-1, Carlos Chernicharo, ressaltou a importância de ouvir todos os expositores. “A audiência nos trouxe subsídios e elementos para continuarmos com a proposta que temos de efetivar projetos para mitigar o problema das pessoas em situação de rua”. 

Clique aqui para assistir, na íntegra, à audiência pública. (link para outro sítio)

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