ECONOMIA BRASILEIRA TEM O SEGUNDO PIOR DESEMPENHO DO MUNDO
A manutenção do quadro de recessão fez a economia brasileira registrar o segundo pior desempenho no mundo. O País ocupou, no terceiro trimestre deste ano, a vice-lanterna (41ª posição) do ranking de 42 países que divulgaram o Produto Interno Bruto (PIB).
Segundo apontou a agência classificadora de risco Austin Rating, a retração de 4,5% na atividade econômica brasileira no terceiro trimestre ante o mesmo trimestre do ano anterior só não foi pior do que o desempenho da Ucrânia, cujo PIB amargou recuo de 7% no período.
No grupo dos quatro piores resultados no terceiro trimestre de 2015, em relação ao terceiro trimestre de 2014, figuram ainda Rússia (-4,1%, na 40ª colocação) e Venezuela (-2,3%, 39ª posição). Os demais resultados negativos foram registrados por Grécia (-0,9%) e Taiwan (-0,6%).
O Brasil teve ainda o pior desempenho no grupo do Brics, em que o destaque foi a Índia, líder absoluta do ranking, com crescimento de 7,4%, seguida pela China, com alta de 6,9%, na segunda posição. Já a África do Sul cresceu 1,0% no período, conquistando o 31º lugar da lista.
A Austin Rating prevê queda de 3,5% no PIB brasileiro de 2015 e retração de 2,6% em 2016. "Se confirmadas nossas estimativas de retração do PIB brasileiro no biênio 2015-2016, esse será o pior desempenho econômico do Brasil em 85 anos. Ou seja, a última vez que o Brasil anotou queda do PIB por dois anos consecutivos foi em 1930 (-2,1%) e 1931 (-3,3%) refletindo, em parte, o crash da Bolsa de Nova York em 1929 e o ambiente político nacional conturbado com o fim da oligarquia paulista devido à Revolução de 1930", ressaltou o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.
Queda da renda e consumo
O "vácuo" de perspectiva vivido pelos consumidores brasileiros explica a intensificação da queda no consumo das famílias ao longo de 2015.
A avaliação é de Renato Meirelles, presidente do Instituto Data Popular. No terceiro trimestre deste ano, o recuo foi de 4,5% em relação a igual período do ano passado, o pior desempenho da série do IBGE, iniciada no ano de 1996.
"Consumo depende de renda e expectativa, tudo que estão ganhando e expectativa de que pode entrar no crediário, de que pode não segurar o dinheiro. Com a situação de hoje, de aumento do desemprego e queda na renda média, ele deixa de ter FGTS, que é uma poupança para comprar casa própria, e deixa de ter a segurança do seguro-desemprego", diz Meirelles. "Em resumo, ele fica mais pessimista, e pessimistas consomem menos".
Segundo pesquisa do Data Popular, 87% dos brasileiros dizem que o País vive uma "crise de perspectiva", e 89% dos entrevistados não conseguem pensar em alguém capaz de tirar o Brasil dessa crise.
O consumo das famílias acumula retração de 1,8% nos últimos 12 meses. Um dado dessa magnitude no fechamento do ano já seria o pior desde 1990. Desde então, o consumo das famílias teve, no máximo, uma queda de 0,7% em 1992 e outra em 1998.