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IAB ABRE PROCESSO CONTRA ADVOGADO QUE DEFENDEU EXPULSÃO DE JUDEUS DA ENTIDADE

O Instituto dos Advogados Brasileiros abriu na quinta-feira (21/3) um processo administrativo contra Hariberto de Miranda Jordão Filho, um de seus membros, por declarações feitas contra os judeus que integram a entidade. 

Advogado defendeu expulsão de judeus que integram diretoria da IAB

Em discurso feito na quarta (20/3), Miranda pediu a expulsão de todos os judeus que integram a diretoria da entidade e a presidência de comissões para evitar futuras “imundices de judeus, sionistas ou não”. 

 

Segundo ele, o IAB deve adotar o “mesmo princípio” dos franceses, que teriam excluído judeus da diretoria e da presidência de uma organização de advogados após a Segunda Guerra Mundial, porque eles teriam cooperado com o nazismo.

“Ante o fato concreto, aqui devemos adotar o mesmo princípio, evitando futuras imundices de judeus, sionistas ou não”. Na ocasião, ele criticava o fato de a Federação Israelita do Rio (Fierj) de Janeiro ter informado à Ordem dos Advogados do Brasil sobre uma manifestação anterior de teor antissemita. 

 
 
 
 
 

“Vossa excelência não pode fugir das exposições estatutárias e deve demitir, desde logo, todos os judeus presidentes das comissões e da diretoria que envergonham o instituto, sionistas ou não, porque religiosos”, prosseguiu o advogado, se dirigindo ao presidente da entidade, Sydney Limeira Sanches. 

Por fim, disse que os “judeus deixaram (para a humanidade) só a crucificação de Cristo”, enquanto outros teriam deixado grandes obras, como as pirâmides, o Direito Romano e a democracia. 

Nota do IAB

“O IAB foi confrontado com um episódio lamentável, no qual foram proferidas palavras discriminatórias e antissemitas por seu membro Hariberto de Miranda Jordão Filho contra integrantes da Diretoria, presidentes de Comissão e do quadro associativo. O IAB lamenta e abjura tais ações, que não só violam os princípios fundamentais que orientam a instituição, mas também ferem a dignidade de todos os envolvidos direta ou indiretamente com a triste fala proferida”, disse o IAB em nota. 

 

“Em conformidade com os princípios estabelecidos em nosso estatuto, o IAB reserva-se ao direito de iniciar procedimento administrativo contra qualquer membro que viole seus preceitos estatutários, como sói ocorre no caso concreto, posto que tais medidas servirão para garantir a integridade e a reputação do IAB, como também assegurar o efetivo cumprimento de seus valores fundamentais”, prossegue o texto, que é assinado pelo presidente da entidade.

Além do procedimento administrativo, o IAB estaria avaliando ingressar com ação por danos morais contra o advogado e de enviar informar o Ministério Público sobre o ocorrido.

Leia a nota do IAB:

 

O Instituto dos Advogados Brasileiros, comprometido com seus desígnios históricos na construção de um mundo mais justo, solidário e humano, reitera o seu compromisso com os princípios de respeito mútuo e repúdio a quaisquer ações e falas discriminatórias, racistas ou antissemitas no âmbito de sua comunidade associativa.

Como confreiras e confrades dedicados ao avanço da sociedade democrática e à construção de um ambiente associativo inclusivo e justo, é imperativo que mantenhamos padrões elevados de conduta em todas as nossas interações, sejam elas pessoais, profissionais ou
associativas.

As violações a esses primados de convivência, estabelecidos em nosso Estatuto, devem ser tratadas com rigor e seriedade, como forma de preservar a instituição e seu quadro social.

Nesse sentido, ontem (20/03/2024) em sua sessão plenária, o IAB foi confrontado com um episódio lamentável, no qual foram proferidas palavras discriminatórias e antissemitas por seu membro Hariberto de Miranda Jordão Filho contra integrantes da Diretoria, presidentes de
Comissão e do quadro associativo.

O IAB lamenta e abjura tais ações, que não só violam os princípios fundamentais que orientam a instituição, mas também ferem a dignidade de todos os envolvidos direta ou indiretamente com a triste fala proferida.

 

O IAB se solidariza com todos os judeus e aqueles ofendidos em suas crenças e, em especial, manifesta apoio e solidariedade aos Diretores Arnon Velmovitsk e Paulo Maltz, e aos presidentes das comissões de Direitos Humanos e de Criminologia, Carlos Schlesinger e Marcia Dinis, esta também Diretora de Biblioteca, atingidos pessoalmente e de forma grave, repudiando veementemente os impropérios ditos na referida sessão, devidamente condenados por todos os presentes.

}Em conformidade com os princípios estabelecidos em nosso estatuto, o IAB reserva-se ao direito de iniciar procedimento administrativo contra qualquer membro que viole seus preceitos estatutários, como sóocorre no caso concreto, posto que tais medidas servirão para garantir a integridade e a reputação do IAB, como também assegurar o efetivo cumprimento de seus valores fundamentais.

 

O IAB renova seu compromisso com a construção de um ambiente onde todos os membros se sintam seguros e respeitados, independentemente de sua origem, raça, religião ou gênero.

Instamos as associadas e associados a se engajarem ativamente na promoção de um espaço acolhedor e inclusivo dentro de nossa instituição, no qual a diversidade de toda natureza e o respeito aos direitos humanos sejam protagonistas e o respeito mútuo a norma reguladora, como forma de valorizar a dignidade da pessoa humana e os mais altos padrões éticos e morais.