FALTA DO JULGAMENTO OLHO NO OLHO SERÁ DESAFIO PARA STJ, ALERTA NANCY ANDRIGHI
A ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça, acredita que a iminente virtualização dos julgamentos da corte representa um desafio importante, que terá de ser enfrentado pela nova administração, liderada pelo ministro Herman Benjamin.

Ministra Nancy Andrighi fez alerta aos colegas durante cerimônia de posse da nova diretoria do STJ
O alerta foi dado nesta quinta-feira (22/8), durante a cerimônia de posse do novo presidente. Ele assumiu o cargo em substituição à ministra Maria Thereza de Assis Moura, que encerrou seu biênio na função. O novo vice-presidente é o ministro Luis Felipe Salomão.
Nancy foi a encarregada de discursar em nome do tribunal. Ela fez elogios ao novo presidente e a seu vice, manifestou confiança quanto ao desempenho dos dois e também falou sobre os grandes desafios a serem enfrentados pelo STJ. O principal deles é a virtualização dos julgamentos.
O tema está em discussão na corte. O Pleno deve se reunir em breve para analisar a proposta, com a possibilidade de ampliar significativamente o uso do sistema virtual — hoje, apenas embargos de declaração e agravos interno e regimental são julgados dessa forma.
Menos encontros
Segundo a ministra Nancy, essa forma de julgamento reduzirá os encontros dos ministros em colegiados, fazendo desaparecer os debates presenciais. Teses e argumentos hoje verbalizados com ênfase perderão a força da entonação da voz, de acordo com ela.
“O olho no olho será substituído por mais horas de olho na tela cinzenta do computador e na solidão dos nossos gabinetes. Esses são alguns dos desafios e preocupações que julgamentos virtuais imporão”, afirmou a magistrada.
Em tom de alerta, ela defendeu o uso equilibrado e humanizado da tecnologia. “O passo que está sendo dado com a adoção mais abrangente dos julgamentos virtuais e a intensificação do uso da inteligência artificial é largo, porém jamais poderá significar uma ruptura com os compromissos que temos.”
Para a ministra, é preciso lembrar que os bytes dos autos eletrônicos representam pessoas com deficiência, homens, mulheres e crianças que aguardam uma resposta do Judiciário para seguirem suas vidas.