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RESQUÍCIOS DA INFLAÇÃO DE 2024 PREOCUPAM

Os números do IPCA de dezembro, divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicaram uma alta de 0,52%, superando o 0,39% registrado no mês anterior, mas levemente abaixo da expectativa do mercado, que era de 0,53%. Com isso, o índice fechou o ano passado com um aumento acumulado de 4,83%, ultrapassando tanto a meta de inflação superior do Conselho Monetário Nacional (CMN) (4,5%) quanto o resultado de 4,62%, em 2023.

Mais preocupante do que o indicador global é a composição dos grupos que pressionaram a inflação no último trimestre, os quais sinalizam os entraves que devem persistir em 2025.

O grupo de Alimentação e Bebidas registrou alta de 1,18% no último mês, com destaque para a comida consumida no domicílio, que subiu 1,17%. Esse aumento afeta diretamente as classes mais vulneráveis, já que reflete produtos adquiridos no mercado. A alimentação fora do domicílio também não deu trégua, com elevação de 1,19%. Por outro lado, a energia elétrica residencial caiu 3,19%, contribuindo para a retração de 0,56% no grupo Habitação. Essa redução foi influenciada pela mudança da bandeira tarifária verde, em dezembro, e pela ausência de repasses cambiais para os preços de combustíveis, evitando uma pressão inflacionária ainda maior.

 

Outro tópico de atenção é a inflação no setor de Serviços, indicador essencial para avaliar o excesso de demanda. No mês passado, houve uma alta de 0,66%, ligeiramente inferior ao 0,83% de novembro, mas ainda apontando a persistência de pressão na economia. Com o mercado de trabalho aquecido, os serviços tendem a ser um desafio adicional para este início de ano. No acumulado de 2024, alimentação e bebidas (7,69%), saúde e cuidados Pessoais (6,09%) e Transportes (3,3%) representaram cerca de 65% da composição do índice.

O início de 2025 deve refletir uma conjuntura econômica ainda aquecida, estimulada pelos bons números do mercado de trabalho e pela recuperação da massa de renda real. Esse contexto, combinado aos reajustes sazonais nos preços dos Serviços no começo do ano, sugere que o processo inflacionário continuará pressionando o Banco Central (Bacen), principalmente nas reuniões do Copom no primeiro trimestre. Contudo, é esperado que a inflação e atividade econômica percam força a partir da segunda metade de 2025, como reflexo do menor estímulo fiscal e do efeito defasado das elevações de juros promovidas pelo Bacen. Ainda assim, a meta deverá permanecer distante, com juros elevados predominando ao longo do ano.

Diante desse cenário, adotar uma postura conservadora quanto a financiamentos será fundamental, mesmo para as empresas que planejam novos investimentos. Ainda que o início do ano sugira um dinamismo econômico, o segundo semestre poderá trazer desaceleração, com custos financeiros ainda altos.