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DESVALORIZAÇÃO DO REAL REANIMA EXPORTADORES

O ritmo acelerado da desvalorização do real frente ao dólar - de 17,64% desde o início do ano - já melhorou o ânimo de empresas exportadoras, especialmente indústrias de bens de capital, material de transporte, calçados, móveis e papel e celulose. O foco na exportação é uma forma de compensar perdas de receita no mercado interno.

A instabilidade da cotação da moeda dificulta as projeções, mas algumas empresas estimam crescimento de 10% a 15% nas vendas externas em relação a 2014. "Com esse câmbio, o problema não é mais o preço e, sim, a demanda", diz José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil. Ele observa que a demanda lá fora ainda está baixa.

Com estimativa de dólar médio a R$ 3,00 para este ano, o diretor financeiro da Romi, Cassiano Rosolen, diz que os EUA são um mercado promissor, no qual a empresa investe há cerca de três anos. Também estão entre destinos importantes a Inglaterra e, no mercado regional, Peru e Colômbia.

A Randon, segundo o diretor Geraldo Santa Catharina, também deve rever sua previsão de exportações para cima porque o planejamento foi feito com base em um dólar inferior a R$ 3,00. Há perspectiva de elevação de demanda de mercados como Europa e Nafta, bloco que reúne EUA, México e Canadá.

O diretor comercial da fabricante de calçados Democrata, Marcelo Paludetto, sugere alguma cautela porque o câmbio reflete também o momento político, mas acredita que a empresa pode ser mais agressiva no exterior.

A desvalorização efetiva do real em relação a uma cesta de moedas está mais fraca agora do que no ciclo de 2001 a 2003, quando 60% da desvalorização nominal se transformou em ajuste real da taxa de câmbio. Isso teve impacto importante na conta corrente do país, que passou de um déficit de 4,2% do PIB em 2001 para um superávit de 0,75% em 2003. No atual ciclo de desvalorização, por enquanto, a proporção de câmbio nominal que está se transformando em real está em torno de 50%.