SALDO NEGATIVO DAS CONTAS PÚBLICAS É O MAIOR PARA SETEMBRO
A reversão do quadro depende do retorno dos resultados positivos das contas públicas e da volta do crescimento econômico
O setor público consolidado, formado por União, estados e municípios, registrou saldo negativo, ou seja, déficit primário (receitas menos despesas sem considerar os gastos com juros) de R$ 26,643 bilhões, em setembro, informou nesta segunda-feira (31/10) o Banco Central (BC).
Esse foi o pior resultado para o mês na série histórica, iniciada em dezembro de 2001. O resultado do mês superou o déficit primário de R$ 7,318 bilhões de setembro de 2015.
Nos nove meses do ano, o resultado negativo chegou a R$ 85,501 bilhões, contra déficit de R$ 8,423 bilhão, em igual período de 2015.
Em 12 meses, encerrados em agosto, o déficit primário ficou em R$ 188,327 bilhões, o que corresponde a 3,08% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país.
A reversão do crescimento do endividamento público depende do retorno dos resultados positivos das contas públicas e da volta do crescimento da economia.
A avaliação é do chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Fernando Rocha. Para ele, o retorno dos resultados positivos das contas públicas e do crescimento econômico levará à estabilidade da dívida e posteriormente à redução do endividamento.
TERCEIRO ANO SEGUIDO DE DÉFICIT
Entretanto, essa redução ainda levará alguns anos para acontecer. Ele lembrou que 2016 será o terceiro ano seguido com déficit primário, formado por receitas menos despesas, sem considerar os gastos com juros.
E, no próximo ano, ainda há previsão no orçamento de resultado negativo de R$ 139 bilhões. Em 2016, a meta é de um déficit de R$ 163,9 bilhões.
Em setembro deste ano, o Governo Central (Previdência, Banco Central e Tesouro Nacional) registrou déficit primário de R$ 26,499 bilhões.
Os governos estaduais também apresentaram resultado negativo, com déficit primário de R$ 157 milhões, e os municipais, déficit de R$ 141 milhões.
As empresas estatais federais, estaduais e municipais, excluídas empresas dos grupos Petrobras e Eletrobras, acusaram superávit primário de R$ 154 milhões, no mês passado.
Em setembro, os gastos com juros nominais ficaram em R$ 40,458 bilhões, contra R$ 69,993 bilhões em igual mês de 2015.
De janeiro a setembro, os gastos chegaram a R$ 295,033 bilhões. Em 12 meses encerrados em setembro, as despesas com juros ficaram em R$ 388,5 bilhões, o que corresponde a 6,35% do PIB.
O déficit nominal - formado pelo resultado primário e os resultados de juros - ficou em R$ 62,943 bilhões no mês passado, ante R$ 57,013 bilhões de agosto de 2015.
Nos nove meses do ano, o resultado negativo foi de R$ 380,535 bilhões, contra R$ 416,742 bilhões em igual período de 2015.
Em 12 meses encerrados em setembro, o déficit nominal atingiu R$ 576,827 bilhões, o que corresponde a 9,42% do PIB.
A dívida líquida do setor público - balanço entre o total de créditos e débitos dos governos federal, estaduais e municipais – somou R$ 2,699 trilhões em setembro, o que corresponde a 44,1% do PIB, contra 43,3% de agosto.
A dívida bruta (contabiliza apenas os passivos dos governos federal, estaduais e municipais) chegou a R$ 4,329 trilhões ou 70,7% do PIB, com elevação de 0,6 ponto percentual em relação a agosto.