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MINISTÉRIO PÚBLICO INVESTIGA DESTINO DO DINHEIRO DESVIADO NA MÁFIA DO ISS

Dos R$ 500 milhões desviados dos cofres da Prefeitura de SP, foram bloqueados R$ 125 milhões. O restante desviado não foi localizado.

O Ministério Público investiga o destino dos cerca de R$ 375 milhões desviados dos cofres públicos municipais pela máfia do ISS (Imposto Sobre Serviços). A quadrilha foi desarticulada em 2013 pela gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT).

Do montante dos recursos desviados, o valor bloqueado não chega a 25% do total. O valor bloqueado até o momento equivale a R$ 125 milhões. No entanto, os promotores dizem que o total desviado chega aos R$ 500 milhões.

Em um prédio na ponta da praia, em Santos, no litoral de São Paulo, um apartamento vale mais de R$ 1 milhão. Uma pousada em Visconde de Mauá, no Rio de Janeiro, custa R$ 5 milhões. Dois apartamentos no Paraíso, bairro nobre de São Paulo, estão estimados em R$ 3,6 milhões. Na Rua Vergueiro, na região da Paulista, uma sala comercial vale R$ 500 mil e na Rua Aurora, no Centro, um apartamento vale R$ 700 mil. Todos esses imóveis estão no nome do ex-auditor fiscal da Prefeitura de São Paulo, Carlos Di Lallo, e foram bloqueados pela Justiça.

O ex-auditor é réu na ação que investiga a máfia do ISS, que dava descontos na cobrança de impostos para empresas em troca do pagamento de propina. Segundo os promotores, o esquema funcionou de 2006 a 2012, época em que a cidade era administrada pelo ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD). Kassab não é investigado nesse processo.

Além de Carlos Di Lallo, outros quatro ex-auditores já tiveram os bens bloqueados, entre eles, o ex- sub secretário de finanças Ronilson Bezerra, apontado como líder do grupo.

O Ministério Público pretende ouvir novamente todos os envolvidos. O promotor José Carlos Blat suspeita de onde foi parar o dinheiro.

“Essas 5 pessoas como agentes públicos não realizaram esses atos sem anuência de pessoas que estavam acima deles. Então é bem provável que tenhamos em outras esferas de poder, em outros escalões, pessoas comprometidas com esse esquema criminoso que levou só, apenas e tão somente R$ 500 milhões de uma secretaria municipal que é uma das mais importantes da Prefeitura de São Paulo”, afirmou.

O ex-prefeito Gilberto Kassab (PSB) reiterou apoio às investigações e disse que elas foram iniciadas em sua gestão.

Edson Belo, advogado de Carlos Di Lallo, disse que seu cliente assinou acordo de colaboração com o Ministério Público e só pode se manifestar no processo. A reportagem não conseguiu localizar o advogado de Ronilson Bezerra.

Condenação

Os ex-fiscais da Prefeitura Ronilson Bezerra e Eduardo Barcellos, além de Marco Aurélio Garcia e outras duas pessoas foram condenados a 10 anos de prisão por lavagem de dinheiro. Todos podiam recorrer da sentença em liberdade, mas Ronilson foi preso no início do mês após sair do estado sem comunicar às autoridades judiciciais.

Investigação do Ministério Público descobriu que funcionários da Prefeitura, em conluio com despachantes e lobistas, cobravam propina de construtoras para dar desconto no ISS (Imposto Sobre Serviços).

Segundo o MP, a máfia é acusada de desviar R$ 500 milhões dos cofres da capital. Ao todo, a promotoria investiga 15 fiscais acusados de envolvimento neste esquema de corrupção.